quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Um pouco de mim, um pouco de Rosa


"Viver é muito perigoso", já dizia um escritor com nome de Rosa...Nasci em Salvador, seu moço, há 25 anos atrás. Minha mãe me disse que eram às nove horas de uma manhã de sol ( nunca gostei de acordar cedo mesmo) e desde então nunca deixei de fazer nada que quis. Um dia eu quis gostar de alguém, outro dia quis fazer teatro e aproveitei todos os aplausos, senti todas as emoções de ser artista.


Transcrevi minhas lágrimas para os papéis, identifiquei-me com inúmeras personagens ... E vivi rodeada dos meus grandes e inesquecíveis amigos... São eles que me acompanham e inspiram ainda hoje. Todos eles, os que não vejo mais, os que conquistem, os que defendo e cuido, aqueles que nem me conhecem bem e os que me conhecem pelo olhar...

Ahhh, se moço, descobri que é linda a mulher que vive dentro de mim. A que se sabe bonita, segura, inteligente, lívida... A que está sempre disponível para fazer um carinho, para incentivar, a que quer estar em paz, em silêncio e que gosta dos seus momentos de solidão. Uma mulher apaixonada pela vida , e pelo seu amor também. Sempre atenta para os detalhes mais preciosos da vida, um sorriso, uma brisa, um dia de sol...

Estar atenta sempre, seu moço. Senão a vida passa e você não vê. Sinto isso todos os dias quando acordo, trabalho e estudo e nem sinto que já é hora de dormir de novo.. E os dias passam, semanas passam, anos passam e ainda tenho sonhos que não realizem ... Me aflige que o tempo que passa. E essa inquietação que mora comigo e sempre fala mais alto.. Uma vontade de conhecer, viver, sentir e realizar..

Mas mudar é sempre perigoso, assim como viver. O medo do desconhecido, da descoberta do erro aflige, amedronta, paralisa. Nesses dias de caos nunca se sabe quanto tempo se vive, quando se termina o ciclo, a hora de fechar os olhos e ver de relance que a vida foi pouca para tanta vontade...


É preciso saber tudo: o que fazer, como fazer. Tem que ser correto, honesto, crente, profissional, o melhor... Tem que ter curso de inglês, MBA, ter estudado fora, saber poesia, física quântica, entender de política, economia, saber votar, escrever, falar bem, comer bem, exercitar-se, saber dançar, cantar.... Exige-se tanto de si mesmo, sempre...


Tudo isso cansa, seu moço. Esquece-se do mais importante e sinto que a minha busca será cada vez maior.. O que quero eu de todo esse mundão de coisas? Viver é coisa simples, como "uma casa na varanda, um quintal e um mato verde para ver o sol nascer " ou uma mansão nos condomínios de luxo, com muita grana na conta bancária e carro bonito para passear no domingo?


A escravidão do trabalho, a perda de todos os dias para ter um pouco mais tira a oportunidade de ser mais gentil, mais conhecedor de si mesmo, do querer... Somos livres para viver enjaulados num escritório 9, 10 horas por dia, ir para casa, sonhar com o trabalho e estar no dia seguinte bem cedo para ganhar mais...


Será isso felicidade, seu moço? Algumas coisas me confundem, outras nem tanto. Mas, de uma coisa eu tenho certeza, a mulher que eu conheço e que vive comigo é grande demais para escravizar a si mesma para ter e esquecer de ser. Acabaram-se as fichas e vontade de morar em Hollywood. A realidade grita e só não escuta quem já morreu.


"O correr da vida embrulha tudo.A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,sossega e depois desinquieta.O que ela quer da gente é coragem."

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Sem olhar para a TV ( reflexões sobre ética, valores e vida privada)

Noblat, Ricardo. A arte de fazer um jornal diário, 3º Edição, São Paulo. Editora Contexto, 2003. Pág. 21-31.


Ricardo Noblat, 58 anos, jornalista brasileiro, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, é o autor do livro: A arte de Fazer um jornal diário. O livro tem uma linguagem simples e divertida, todavia as reflexões que trazem são muito sérias. O Segundo capítulo trata de ética e valores jornalísticos. A expressão "vale tudo por uma notícia" é fortemente criticada pelo autor. Bem como, atitudes comuns no jornalismo atual, tais quais: falsificação de documentos e gravação de depoimentos sem autorização das fontes, com o argumento de noticiar algo que é de interesse público, e muitas vezes se confunde com o que interessa ao público.

Noblat trata desses comportamentos como atitudes de quem acredita que está acima da lei, ou seja, para esses profissionais, pode-se falsificar identidades e enganar pessoas para obter um furo de reportagem. Outra questão tratada é a invasão à privacidade dos famosos. Perde-se tempo em divulgar a vida de artistas, como se o fato de saber com quem dormem, o que fazem seja realmente relevante.

Em alguns casos, como foi citado a exposição da privacidade de Paulo Henrique, filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando saía do motel com a ex- primeira dama, Teresa Collor. Quem se recorda da divulgação das fotos de Chico Buarque e uma mulher casada, mas desconhecida, numa praia no Rio de Janeiro? Era realmente de grande relevância o caso amoroso do cantor? Tais questões são levantadas por Ricardo para dizer em suma que há algo de errado nas escolhas das pautas jornalísticas, seja pela futilidade, ou pela escolha de assuntos que interessam os grupos aos quais esses meios fazem parte.

O fato das emissoras de televisão usarem tanto tempo com matérias repletas de belas imagens e pouco conteúdo, enquanto as notícias que realmente importam, mas não possuem imagens que possam ilustrá-las não são mostradas no tempo que deveriam. Outra observação feita diz respeito a estruturas dos jornais, cujos profissionais tem pouquíssimo tempo para apurar as notícias e menos tempo ainda para escreva-las. O escritor ainda brinca com o fato, quando diz que jornalista obtém melhores resultados quando está sob grande pressão. Mas, o que está sublinhado é que as redações vivem a espera de grandes acontecimentos para que isso ocorra. Raramente observa-se reportagens elaboradas que exigem muito trabalho e tempo para produzi-las.

As questões retratadas acima são bem argumentadas por Noblat e importantes para o futuro profissional de comunicação social .Com muita clareza e objetividade, o texto propõe uma análise do discurso da mídia impressa e televisiva. Fatos que passam desapercebidos, atos de conduta moral, ética e quiçá, educacional são postas na balança. A famosa frase, de que jornalista não é deus, deve ser pensada e repensada. Juntamente com tantas outras tratadas por ele, que bem exemplifica a profissão e merecem atenção, palavras de quem tem experiência.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

BUENOS AIRES

Por Sandra Andrade - 01/11/07
Naiara Santana, da STC Salvador Trade, e Sueli Misi, da Amaralina Turismo, participaram de um famtour para Argentina a convite da Conquest Operadora durante o período de 27/09 a 01/10/2007. Em entrevista para o CICLO, elas fizeram uma leitura do país para compartilhar a experiência com vocês.

Buenos Aires é uma cidade latina com cultura, ar e clima europeu. "Eles inspiram um nacionalismo diferente do nosso, cultuado em casa esquina, em cada rua o seu jeito de viver", disse Naiara. A arquitetura é bem parecida com a européia renascentista, principalmente no centro da cidade: A Plaza Del Mayo, A Catedral Metropolitana, onde está o Mausoléu do General San Martin que comandou as tropas nas lutas de independência do país e A Casa Rosada, sede do Governo Federal.

No centro se concentram as compras, onde fica a Av. Florida, Galerias Pacifico e a maioria dos hotéis. No norte da capital temos o Bairro de La Boca que lembra uma cidade cenográfica, as casas eram construídas de cascos de navios italianos e possuem cores fortes e alegres. Hoje se encontra lojas de souvenirs e dançarinos de tangos pelas ruas.

Na área Sul, os bairros de Recoleta e Palermo são os mais novos e arborizados da cidade. Como os táxis são muito baratos, eles se tornaram as melhores opções de hospedagem, com muitas praças, bares, pubs e cafés. Um bom vinho no final de tarde em Recoleta é impagável. O que dizer do Señor Tango? - Uma casa de show com ótima estrutura, comida boa e farta e vinho de ótima qualidade (uma garrafa por mesa). O show é excelente e transporta o visitante para a história do país, as lutas pela independência e principalmente, a descoberta da dança - vulgar e restrita aos cabarés no princípio, posteriormente, absorvida como símbolo da cultura. "Sensual, apaixonante e hipnotizante, assim é o tango", afirmou Naiara. Oferecer esse opcional é essencial pelo show e também, porque se o cliente quiser adquirir no local precisa estar ciente que as casas de tango são distantes do centro, cerca de 25minutos, e ficam localizadas em bairros perigosos. Dessa forma, sair de táxi para esse programa é arriscado.

O Tour ao Delta Tigre não é muito divulgado, mas vale muita a pena e o preço é bom. O passeio de balsa pelas margens do rio passa pela Província de Tigre, peculiar por abrigar casas e parques em pequenas ilhas, tornando a paisagem bucólica.

É importante ressaltar e pedir aos clientes que cheguem no aeroporto três horas antes do embarque, pois os check-ins ficam lotados e há uma taxa de U$ 18,00 que deverá ser paga no retorno. Com relação ao câmbio, atualmente é mais vantagem levar dólar, pois a nossa moeda está valorizada o que permite uma boa compra aqui e uma boa venda lá.

Sueli, que sofreu uma torção no tornozelo no segundo dia de viagem na descida do ônibus, ficou “de molho” o resto dos dias. "Achei interessante o fato de ter ficado em dois hotéis e conhecer os serviços de um 3 e um 4 estrelas. Acredito que o fato de viajar com uma operadora é uma oportunidade de fortalecer as parcerias”, relatou Sueli.

VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO GERA BRIGA SILENCIOSA

Por Sandra Andrade - 29/10/07
A Superintendência de Engenharia de Tráfego - SET, através do projeto Cidadão no Trânsito, tem buscado ensinar as crianças e adolescentes nas salas de aulas sobre seus direitos e deveres e assim conscientizar essa nova geração de condutores e portanto, evitar a violência. O Cidadão no Trânsito propõe “tratar de temáticas que enfocam o desenvolvimento das potencialidades do indivíduo, tais como, àquelas relacionadas com a capacidade cognitiva, física, afetiva, relação pessoal, ética etc.”

O aumento de acidentes com motocicletas chamam a atenção da população e pede cautela aos seus usuários na capital baiana. Por falta de segurança nas vias urbanas, motoristas e motociclistas travam uma verdadeira guerra silenciosa no trânsito. De um lado os donos de carros com medo de assaltos e prejuízos aos seus veículos e do outro, moto-boys que precisam ser rápidos para garantir o emprego e demonstrar eficiência. De uma forma geral, nota-se medo e desconfiança, que gera o desrespeito e a distribuição da violência.

As famosas “fechadas” são utilizadas pelos motoristas principalmente para evitar os assaltos à mão armada, quebras de vidro, roubos de bolsas, celulares que se tornaram comuns na cidade. Agnaldo Roriz, 34 anos, já foi assaltado três vezes por motociclistas. Na última vez, teve dez mil reais roubados numa perseguição depois de sacar o valor numa agência bancária. “Quando se aproxima uma moto com dois homens, eu travo o carro mesmo, e fico observando, mas não dou fechada”.

Com desenvolvimento do comércio e a necessidade de satisfazer os clientes que prezam por rapidez e comodidade, as ruas se enchem de moto-boys que fazem os serviços de tele-entrega. Presença constante no trânsito de Salvador, fica difícil portanto diferenciar possíveis assaltantes, de trabalhadores e a classe dos motociclistas são tachados pelos motoristas como imprudentes, encrenqueiros e vistos com desconfiança.

Hilton de Souza, 23 anos, motociclista, sofreu dois acidentes em Salvador. Num deles, foi fechado por um caminhoneiro na Av. Barros Reis, que ocasionou numa colisão com um táxi e um outro caminhão. O motorista que provocou o acidente fugiu e ele ficou com o prejuízo de R$ 800,00. “Percebo que muitas vezes os motoristas ficam até chateados por ficar preso em engarrafamentos e ao ver alguns passando pelos corredores, tentam fechar as passagens como forma de protesto. Como em todas as classes, existe motociclista imprudente sim, não há dúvidas. Mas não é por isso que se pode lançar o carro por cima de todos que passam por eles”.

Segundo Agnaldo, não se pode generalizar, mas acredita que 70% dos motociclistas são imprudentes. “Eles vêm `costurando nas pistas ´, arranham os carros e arrancam retrovisores”.
Para Hilton, a necessidade de educação no trânsito vai além: “falta manutenção das pistas, como exemplo a Av. Pinto de Aguiar que está cheia de buracos e principalmente agentes de trânsito eu conheçam o código e te digam aonde você errou para receber multa”, afirma ele.

textos de turismo?? como assim???

Postarei agora alguns textos que produzi para O Ciclo, um jornal de publicação interna, da empresa a qual faço parte e sou editora do mesmo. São textos mais ligados à área de turismo, pra quem não sabe sou agente de viagens... pelo menos por enquanto.. apreciem, se quiserem!

O PADRE É POP - 08-10/06


Por Sandra Andrade
Há cinco anos a comunidade de Nazaré das farinhas têm tido motivos de sobra para comemorar. Desde que o Padre Cristóvão assumiu a paróquia de Nossa Senhora da Purificação de Nazaré a igreja tem conquistado muitas vitórias e o respeito da população local.

Com uma dinâmica diferente, o Padre Cristóvão de Figueirêdo, de 42 anos, ordenado há mais de quinze, conquistou a cidade de Nazaré. Desde ações religiosas, o cuidado com as igrejas e a reforma da casa paroquial para o recebimento de visitantes, a problemas de âmbito social e ambiental, o padre tem mostrado que a igreja pode, e deve ajudar o povo. Há quatro anos Padre Cristóvão criou a Fundação São Roque, com o objetivo de cuidar de crianças com deficiências especiais.
Hoje lutando pela sua sede própria, a fundação funciona numa casa alugada e atende cerca de 40 crianças de famílias muito pobres. As famílias entregam seus filhos não somente pela base educacional que a fundação lhes dá, mas também para diminuir as despesas em casa, diz o padre, que luta para integrá-las a seus lares. Estas crianças são acompanhadas por um médico psiquiatra e possuem aulas de alfabetização e atividades lúdicas, para os casos mais graves.
A Igreja Católica de Nazaré também apóia a Obra Assistencial Jana Piseiro, que desenvolve ações de sustentabilidade de famílias pobres com a distribuição de cestas básicas e, fundos para a construção de casas. Segundo Graziela dos Santos, articuladora da Casa Paroquial, a igreja ganhou respaldo com as ações do padre. Para Edílson, ministro da eucaristia, o padre tem sido muito importante nesta nova fase da igreja católica, e ajuda também a Obra Assistencial Sol Nascente que cuida da educação de crianças na infância. Estas obras não possuem apoio de nenhuma instituição e recebem doações de sócios, como são chamados, que são pessoas da comunidade de Nazaré.

Questionado sobre o seu objetivo na comunidade, Padre Cristóvão diz que busca “resgatar neste povo que já enfrentou tantas dificuldades a esperança de acreditar em si mesmo e conquistar seus objetivos. Ensinar que embora sejam diferentes, essas diferenças podem uni-los cada vez mais com a consciência do ser pessoa. E que essas pessoas são muito usadas e tentamos ajudá-los a desenvolver o pensamento crítico e libertá-las dessa situação de pobreza em que vivem”.

Os fiéis hoje lutam por uma outra causa: Padre Cristóvão está na eminência de ser transferido para outra comunidade. A população tem feito pedidos para a permanência do mesmo, mas será necessário aguardar uma resposta do bispo da Diocese. Segundo o padre infelizmente isso pode acontecer, pois existem outras comunidades necessitando de ajuda e, há a possibilidade de que ele não esteja mais na cidade no início próximo ano. Para a tristeza dos católicos nazarenos.

O ARTISTA QUE SAIU DO BARRO - 06/11/06




Numa manhã de terça-feira, no vai vem das pessoas que lotam a Feira de São Joaquim diariamente, especificadamente na rua do artesanato, encontramos por entre as diversas peças de cerâmica da loja número quatro, um senhor sentado num banquinho de pele morena, olhos azuis, cheios de vida e com muita história para contar.

Foi desta forma que Vitorino Bertoldo Moreira, ou simplesmente o Mestre Vitorino nos recebeu. Muito simpático e já acostumado com os jornalistas, ele nos dispensou sua atenção. Avisando que é preciso escrever as perguntas, pois ele não escuta mais direito. Com 86 anos, casado, pai de seis filhos, o artesão nasceu em Maragojipinho, 2º distrito de Aratuípe – Ba, cidade conhecida pela produção de artesanato em cerâmica, e se destacou pelo seu talento. Recentemente, recebeu a Missão Honrosa da Onu, pela sua arte com a cerâmica, no Festival de Artesanato dos Países da América Latina e Caribe.

No ano de 1935, o garoto de 15 anos, saiu da cidade de Maragojipinho para conhecer a famosa Feira do Sete, em Água de Meninos. Chegando lá e habituado a trabalhar na Feira com a venda de artesanato, Vitorino teve a oportunidade de ingressar na Marinha Mercante. Mas viu seu sonho desmoronar, pois os pais não o permitiram pois ele já estava ajudando nas despesas da casa. O mestre então começa a criar peças de barro diferentes das demais.
“Eu não queria trabalhar com barro, eu queria estudar. Mas só tinha escola em Nazaré das Farinhas e a gente tinha que ir de canoa era uma hora e meia para ir e voltar todos os dias. Era muita dificuldade. Então, eu tive que trabalhar com o barro mesmo. Mas criando coisas novas. Nunca gostei de fazer o que todo mundo fazia”.
Com esse intuito, o artista levou seis meses para criar sua primeira peça, o boi-bilha. A peça é uma junção da figura do boi nordestino, com a bilha (de origem portuguesa muito utilizada para guardar cachaça). Foi pela criação desta peça que ele o prêmio da Onu. “Eu fiquei muito satisfeito de ver meu trabalho reconhecido”.

Pioneiro também, com a criação de outras peças já conhecidas, como a baiana-moringa e a cerâmica decorada de Tabatinga, bem como murais, onde as peças podem formar vários desenhos, o Mestre Vitorino fala com muito capricho e orgulho de suas obras. “Se o cliente vier aqui na minha loja e não gostar do meu trabalho é só mandar o arquiteto desenhar, que eu faço igual. É o meu desafio”.

Foi com esse pensamento que ele já fez trabalhos para hotéis como: Salvador Praia Hotel e o Catarina Paraguaçu. Têm suas obras espalhadas pelos quatro cantos do Brasil, e viajou também aqui e no exterior, divulgando seu trabalho, sendo assim referência no que faz. O Mestre também foi vereador e presidente da Câmara dos Vereadores de Maragojipinho durante 10 anos, e diz ter saído por não possuir vocação com a política. Mas está sempre presente na cidade, pois é o local onde escolheu para criar as suas obras.

O artesão pretende parar um breve, pois o próprio corpo hoje já não permite que ele faça peças muito grandes, mas já deixou a olaria que possui sobre os cuidados do seu filho Guilherme. Por fim, nos deixa um recado que o guiou durante sua vida: “Ninguém aprende sonhando ou na ilusão. É estudando, trabalhando e pelejando” diz assim a experiência do grande artista.

UMA NOVA REALIDADE SOB OS TRILHOS - 25/05/07

Por Sandra Andrade

A decadência que assola as estruturas ferroviárias do Subúrbio de Salvador hoje, tem previsão para desaparecer. A oportunidade vem junto com as obras do metrô da cidade, que promete integrar o centro ao litoral oeste.

Algumas medidas de recuperação dos trechos e veículos, e melhorias no sistema de drenagem e das estações já foram feitas. Bem como, reformas no sistema elétrico, e criação de passarelas prioritárias. Ainda é muito pouco para uma região que possui 13,5 km de extensão e atende cerca de 15.000 passageiros por dia.

A proposta do governo para longo prazo é de elevar a quantidade de passageiros, reduzir a receita operacional, e inserir os trens urbanos novamente no sistema de transporte da cidade com a retomada da integração trem/ônibus, que já é conhecida pelos moradores mais antigos e funcionou até o ano de 1987, quando as ferrovias começaram a decair.

Nessa época, Salvador possuía estações que atendiam desde Paripe até o Bairro do Campo Grande, mas com o desenvolvimento urbano acelerado, a criação de novas avenidas e o aumento das empresas de ônibus , a ferrovia foi desativada na segunda metade da década de 90.

O retorno desta ligação entre o subúrbio e o centro da cidade, é necessidade dos usuários, que muitas vezes não tem condições de pagar a tarifa de R$ 2,00 cobrada pelos ônibus coletivos, em comparação aos R$ 0,50 gastos numa viagem de trem.

Segundo, Silvio Ribeiro, historiador e cidadão engajado em projetos no subúrbio, é importante comemorar o centenário das ferrovias, que constitui o meio de transporte mais econômico e seguro para a população. O projeto da Prefeitura ainda não vai até o centro, mas já prevê a extensão da linha até o Comércio e tem uma previsão de conclusão daqui a cinco anos.

SUCESSO COM CHEIRO DE DENDÊ - 16/11/06



No Largo de Itapuã, na subida da Ladeira do Abaeté, um cheiro de dendê e camarão chama a atenção e aguça o paladar de quem passa por ali. Sentada na sua barraca, com três baianas trabalhando está Cira, com um torso rosa na cabeça, roupa de baiana azul, atendendo pessoalmente, verificando se o acarajé já está no ponto e sempre simpática com os clientes, que lotam e fazem fila para degustar suas iguarias.

Foi neste ambiente que conversamos com a baiana. De origem humilde, filha de lavadeira que morreu aos 17 anos, deixando ela com quatro irmãos para criar. Cira, que sempre morou em Itapuã começou a vender o acarajé nas panelas pequenas, pouca quantidade, e com o passar do tempo viu o seu negócio deslanchar. Inicialmente trabalhando sozinha e com muita dificuldade, hoje com 53 anos conta com 30 funcionários trabalhando de carteira assinada e dois pontos de venda em Salvador: no Largo de Itapuã, onde fica, e no Rio Vermelho, que está aos cuidados de uma de suas filhas.

A baiana acredita que a escolha dos ingredientes e tendo em mão sempre produtos de qualidade ajudaram a convencer os paladares mais exigentes. Mas não é só isso: o capricho, a dedicação e o amor que utiliza na preparação dos pratos ajudam e justificam a massa crocante e fofa dos seus acarajés e o sabor do seu vatapá, regado a camarão. Quem já experimentou, sabe a diferença, como diz a própria baiana. Eleita mais um ano, pela Revista Veja com o título de Melhor Acarajé da Cidade, ela fala com orgulho de sete prêmios já acumulados pela revista.

Uma das chaves para o seu sucesso é estar sempre presente. A baiana acorda todos os dias bem cedo, com a lista de atividades já definida: primeiro ela coloca o feijão de molho depois lava bem até retirar toda a casca, em seguida mói o feijão na máquina. Depois volta para a máquina para bater a massa com os temperos. Faz questão de mexer seu vatapá e distribuir as massas para os pontos de venda.
Hoje não é possível contar quantos acarajés são vendidos, que é o seu carro chefe, mas no tabuleiro da baiana também se encontra abará, cocada, bolinho de estudante, cocadas puxa-puxas, doces de leite, de tamarindo, pé de moleque, passarinha e peixe frito.

Cira se define como: “Mulher guerreira, trabalhadora, criei os irmãos sem pai e nem mãe”. Têm quatro filhos, e cinco netos e recentemente adotou um bebê de um ano e sete meses com necessidades especiais. Ter vencido na vida foi uma de suas maiores vitórias. “Eu comecei com nada. Trabalhei muito para chegar onde eu estou. Suei muito, peguei muito peso na cabeça, saco de feijão, lata de azeite. Então eu venci graças a deus, tenho amor ao que faço e estou feliz, realizada”.