quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Sem olhar para a TV ( reflexões sobre ética, valores e vida privada)

Noblat, Ricardo. A arte de fazer um jornal diário, 3º Edição, São Paulo. Editora Contexto, 2003. Pág. 21-31.


Ricardo Noblat, 58 anos, jornalista brasileiro, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, é o autor do livro: A arte de Fazer um jornal diário. O livro tem uma linguagem simples e divertida, todavia as reflexões que trazem são muito sérias. O Segundo capítulo trata de ética e valores jornalísticos. A expressão "vale tudo por uma notícia" é fortemente criticada pelo autor. Bem como, atitudes comuns no jornalismo atual, tais quais: falsificação de documentos e gravação de depoimentos sem autorização das fontes, com o argumento de noticiar algo que é de interesse público, e muitas vezes se confunde com o que interessa ao público.

Noblat trata desses comportamentos como atitudes de quem acredita que está acima da lei, ou seja, para esses profissionais, pode-se falsificar identidades e enganar pessoas para obter um furo de reportagem. Outra questão tratada é a invasão à privacidade dos famosos. Perde-se tempo em divulgar a vida de artistas, como se o fato de saber com quem dormem, o que fazem seja realmente relevante.

Em alguns casos, como foi citado a exposição da privacidade de Paulo Henrique, filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando saía do motel com a ex- primeira dama, Teresa Collor. Quem se recorda da divulgação das fotos de Chico Buarque e uma mulher casada, mas desconhecida, numa praia no Rio de Janeiro? Era realmente de grande relevância o caso amoroso do cantor? Tais questões são levantadas por Ricardo para dizer em suma que há algo de errado nas escolhas das pautas jornalísticas, seja pela futilidade, ou pela escolha de assuntos que interessam os grupos aos quais esses meios fazem parte.

O fato das emissoras de televisão usarem tanto tempo com matérias repletas de belas imagens e pouco conteúdo, enquanto as notícias que realmente importam, mas não possuem imagens que possam ilustrá-las não são mostradas no tempo que deveriam. Outra observação feita diz respeito a estruturas dos jornais, cujos profissionais tem pouquíssimo tempo para apurar as notícias e menos tempo ainda para escreva-las. O escritor ainda brinca com o fato, quando diz que jornalista obtém melhores resultados quando está sob grande pressão. Mas, o que está sublinhado é que as redações vivem a espera de grandes acontecimentos para que isso ocorra. Raramente observa-se reportagens elaboradas que exigem muito trabalho e tempo para produzi-las.

As questões retratadas acima são bem argumentadas por Noblat e importantes para o futuro profissional de comunicação social .Com muita clareza e objetividade, o texto propõe uma análise do discurso da mídia impressa e televisiva. Fatos que passam desapercebidos, atos de conduta moral, ética e quiçá, educacional são postas na balança. A famosa frase, de que jornalista não é deus, deve ser pensada e repensada. Juntamente com tantas outras tratadas por ele, que bem exemplifica a profissão e merecem atenção, palavras de quem tem experiência.

Um comentário:

Hilton Souza disse...

É nobre colega, jornalista realmente não é Deus, embora seja filho Dele, nada me dar o direito de invadir privacidades, nem tampouco ser desonesto. Há poucos dias escutei de uma amiga uma frase assim... Hilton, ali na sala poucos serão JORNALISTAS DE VERDADE... Pois é! seremos... Sucesso pra ti... belo blog!