sexta-feira, 9 de novembro de 2007

SUCESSO COM CHEIRO DE DENDÊ - 16/11/06



No Largo de Itapuã, na subida da Ladeira do Abaeté, um cheiro de dendê e camarão chama a atenção e aguça o paladar de quem passa por ali. Sentada na sua barraca, com três baianas trabalhando está Cira, com um torso rosa na cabeça, roupa de baiana azul, atendendo pessoalmente, verificando se o acarajé já está no ponto e sempre simpática com os clientes, que lotam e fazem fila para degustar suas iguarias.

Foi neste ambiente que conversamos com a baiana. De origem humilde, filha de lavadeira que morreu aos 17 anos, deixando ela com quatro irmãos para criar. Cira, que sempre morou em Itapuã começou a vender o acarajé nas panelas pequenas, pouca quantidade, e com o passar do tempo viu o seu negócio deslanchar. Inicialmente trabalhando sozinha e com muita dificuldade, hoje com 53 anos conta com 30 funcionários trabalhando de carteira assinada e dois pontos de venda em Salvador: no Largo de Itapuã, onde fica, e no Rio Vermelho, que está aos cuidados de uma de suas filhas.

A baiana acredita que a escolha dos ingredientes e tendo em mão sempre produtos de qualidade ajudaram a convencer os paladares mais exigentes. Mas não é só isso: o capricho, a dedicação e o amor que utiliza na preparação dos pratos ajudam e justificam a massa crocante e fofa dos seus acarajés e o sabor do seu vatapá, regado a camarão. Quem já experimentou, sabe a diferença, como diz a própria baiana. Eleita mais um ano, pela Revista Veja com o título de Melhor Acarajé da Cidade, ela fala com orgulho de sete prêmios já acumulados pela revista.

Uma das chaves para o seu sucesso é estar sempre presente. A baiana acorda todos os dias bem cedo, com a lista de atividades já definida: primeiro ela coloca o feijão de molho depois lava bem até retirar toda a casca, em seguida mói o feijão na máquina. Depois volta para a máquina para bater a massa com os temperos. Faz questão de mexer seu vatapá e distribuir as massas para os pontos de venda.
Hoje não é possível contar quantos acarajés são vendidos, que é o seu carro chefe, mas no tabuleiro da baiana também se encontra abará, cocada, bolinho de estudante, cocadas puxa-puxas, doces de leite, de tamarindo, pé de moleque, passarinha e peixe frito.

Cira se define como: “Mulher guerreira, trabalhadora, criei os irmãos sem pai e nem mãe”. Têm quatro filhos, e cinco netos e recentemente adotou um bebê de um ano e sete meses com necessidades especiais. Ter vencido na vida foi uma de suas maiores vitórias. “Eu comecei com nada. Trabalhei muito para chegar onde eu estou. Suei muito, peguei muito peso na cabeça, saco de feijão, lata de azeite. Então eu venci graças a deus, tenho amor ao que faço e estou feliz, realizada”.

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